Abrir uma empresa no Brasil é o sonho de muitos
Mas o caminho pode parecer complexo e cheio de burocracias. No entanto, com o planejamento e as informações corretas, é possível transformar essa aspiração em realidade. Este guia completo foi elaborado para desmistificar o processo de como abrir uma empresa no Brasil, abordando desde a escolha do tipo jurídico ideal até os custos envolvidos e os erros mais comuns a serem evitados. Prepare-se para dar o primeiro passo rumo ao sucesso do seu negócio!
1. Tipos de Empresa no Brasil: Escolha a Melhor Opção para o Seu Negócio
A escolha do tipo jurídico da sua empresa é um dos primeiros e mais importantes passos, pois ela define as responsabilidades dos sócios, o regime tributário e as obrigações legais. Conhecer as opções disponíveis é fundamental para tomar uma decisão assertiva. No Brasil, os principais tipos de empresa são:
Microempreendedor Individual (MEI)
O MEI é a opção mais simplificada e com menor custo para quem fatura até R$ 81.000,00 por ano e não possui participação em outra empresa como sócio ou administrador. É ideal para atividades que não exigem alta complexidade e que podem ser realizadas por uma única pessoa. A formalização é gratuita e o pagamento de impostos é feito de forma unificada através do DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional), com valores fixos mensais que incluem INSS, ICMS e/ou ISS. [1]
Empresário Individual (EI)
Para quem fatura acima do limite do MEI ou exerce atividades não permitidas para o MEI, o Empresário Individual é uma alternativa. Nesse formato, não há separação jurídica entre o patrimônio pessoal e o empresarial do empreendedor, o que significa que o CPF do titular está diretamente ligado ao CNPJ da empresa. Não há limite de faturamento para o EI, mas as obrigações tributárias são mais complexas que as do MEI.
Sociedade Limitada Unipessoal (SLU)
A SLU é uma excelente opção para quem deseja empreender sozinho, mas com a segurança de ter o patrimônio pessoal separado do empresarial. Diferente do EI, na SLU, a responsabilidade do empreendedor é limitada ao capital social da empresa, protegendo seus bens pessoais em caso de dívidas do negócio. Não exige capital social mínimo e permite a atuação em diversas áreas.
Sociedade Limitada (LTDA)
A LTDA é o tipo jurídico mais comum para empresas com dois ou mais sócios. A responsabilidade de cada sócio é limitada ao valor de suas quotas no capital social, o que protege o patrimônio pessoal. O Contrato Social é o documento que rege a sociedade, definindo as regras, responsabilidades e participação de cada sócio. É um modelo flexível e adequado para a maioria dos negócios que envolvem parcerias.
Sociedade Simples (S/S)
A Sociedade Simples é destinada a profissionais que exercem atividades intelectuais, científicas, literárias ou artísticas, como médicos, advogados e arquitetos. Pode ser pura (sem personalidade jurídica) ou limitada (com personalidade jurídica e responsabilidade limitada). O registro é feito em Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, e não na Junta Comercial.
Sociedade Anônima (S/A)
A S/A é um tipo de empresa mais complexo, geralmente adotado por grandes corporações, onde o capital social é dividido em ações. A responsabilidade dos acionistas é limitada ao preço de emissão das ações que possuem. Pode ser de capital aberto (com ações negociadas na bolsa de valores) ou fechado. A gestão é feita por um conselho de administração e uma diretoria.
Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP)
ME e EPP são classificações de porte da empresa, e não tipos jurídicos. Uma empresa pode ser uma EI, SLU ou LTDA e ser classificada como ME ou EPP, dependendo do seu faturamento anual. Uma Microempresa (ME) fatura até R$ 360.000,00 por ano, enquanto uma Empresa de Pequeno Porte (EPP) fatura entre R$ 360.000,01 e R$ 4.800.000,00 anualmente. Essas classificações dão acesso a regimes tributários diferenciados, como o Simples Nacional, que oferece uma carga tributária simplificada e reduzida.
2. Documentos Necessários para Abrir Sua Empresa
Para iniciar o processo de abertura da sua empresa, é fundamental ter em mãos uma série de documentos, tanto pessoais quanto relacionados ao negócio. A organização prévia desses documentos agiliza todo o processo e evita contratempos. [2]
Documentos Pessoais dos Sócios
•Cópia autenticada do RG: Documento de identificação com foto.•Cópia simples do CPF: Cadastro de Pessoa Física.•Certidão de casamento (se aplicável): Para comprovar o estado civil.•Carteira do órgão regulamentador (se a profissão for regulamentada): Ex: OAB para advogados, CRM para médicos.•Última declaração do Imposto de Renda Pessoa Física: Para comprovação de renda e patrimônio.•Cópia simples do comprovante de residência: Conta de água, luz ou telefone recente.
Documentos da Empresa
•Cópia simples do comprovante do endereço comercial: Se o negócio for em um local diferente da sua residência. Caso seja no mesmo local (home office), o comprovante de residência pode ser utilizado.
•Nome fantasia da empresa: O nome pelo qual sua empresa será conhecida no mercado.
•Atividades da empresa (CNAEs): Códigos da Classificação Nacional de Atividades Econômicas que descrevem as atividades que sua empresa irá exercer.
•IPTU do imóvel: Imposto Predial e Territorial Urbano do local onde a empresa será estabelecida.
Documentos Essenciais para Registro e Funcionamento
•Contrato Social: Este é um dos documentos mais importantes, pois estabelece as regras da sociedade, a participação de cada sócio (se houver), as atividades desenvolvidas, o modelo de funcionamento e o regime tributário escolhido. Deve ser assinado por um advogado e registrado em cartório para garantir sua autenticidade.
•Registro na Junta Comercial: A formalização da empresa na Junta Comercial é o que a torna legalmente existente no mercado. Este registro é um pré-requisito para a solicitação do CNPJ.
•CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica): O CNPJ é o número de identificação da sua empresa perante a Receita Federal. Ele permite a emissão de notas fiscais, a contratação de serviços e o cumprimento das obrigações tributárias. É ilegal exercer atividades comerciais sem um CNPJ.
•e-CNPJ: Uma identidade digital para empresas, associada ao CNPJ. Permite a assinatura eletrônica de documentos, o envio de dados e o cumprimento de obrigações fiscais de forma digital. É obrigatório para empresas do Simples Nacional com mais de dois colaboradores e para a emissão de Nota Fiscal Eletrônica (NF-e).Alvará de Funcionamento e Inscrição Municipal: Documentos emitidos pela prefeitura do município onde a empresa será instalada, que autorizam o funcionamento do negócio. Podem ser exigidos o CNPJ, contrato social, documentos pessoais dos sócios, comprovante de residência e a planta do imóvel. Dependendo da atividade, pode ser necessário também o alvará sanitário e o laudo do Corpo de Bombeiros.
•Inscrição Estadual: Necessária para empresas que realizam atividades de comércio, indústria ou serviços de transporte intermunicipal e interestadual, pois é através dela que se recolhe o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Em alguns estados, pode ser obtida junto com o CNPJ.
3. Custos Iniciais para Abrir uma Empresa no Brasil
Os custos para abrir uma empresa no Brasil podem variar significativamente, dependendo do tipo de negócio, da localização e dos serviços contratados. É fundamental ter uma estimativa desses valores para um planejamento financeiro eficaz. Em geral, o custo para abrir um CNPJ pode variar entre R$500 e R$3.000, mas para Microempreendedores Individuais (MEI), a abertura é gratuita [3].
Custos de Abertura (para não-MEI)
Para empresas que não se enquadram como MEI (como ME, EPP, SLU ou EI), os principais custos iniciais incluem:
•Taxa de registro na Junta Comercial: Varia de estado para estado, geralmente entre R$100 e R$1.500.
•Certificado Digital: Essencial para a assinatura eletrônica de documentos e para o e-CNPJ. O custo varia entre R$200 e R$400.
•Taxas municipais e estaduais: Podem incluir taxas de licenciamento e alvarás de funcionamento, que dependem da prefeitura e do tipo de atividade da empresa.
•Serviço de Contabilidade: Exceto para o MEI, a contratação de um contador é obrigatória. Os honorários contábeis podem variar de R$200 a R$2.000 por mês, dependendo da complexidade dos serviços.
•Capital Social: Embora não seja um custo direto de abertura, é o investimento inicial da empresa. Recomenda-se um valor mínimo de R$1.000 para registrar o contrato social e emitir o CNPJ.
Custos Iniciais com Documentação
Além das taxas diretas, há custos indiretos relacionados à documentação e processos iniciais, como:•Consultoria Contábil para definição da estrutura jurídica (regime tributário, porte e natureza jurídica).•Elaboração do Contrato Social.•Emissão de taxas dos órgãos como Junta Comercial e Prefeitura.•Pedidos de registros e licenças de funcionamento.
Custos Mensais Pós-Abertura
É crucial considerar os custos operacionais mensais que surgirão após a abertura da empresa para garantir sua sustentabilidade. Estes podem incluir:
•Aluguel do espaço comercial (se houver).
•Salários de funcionários.
•Contas de consumo (água, luz, telefone, internet).
•Honorários do contador.
•Impostos (que variam conforme o regime tributário escolhido).Para MEIs, embora a abertura seja gratuita, há um custo mensal fixo referente ao Simples Nacional, que varia de R$76,90 a R$81,90, dependendo da atividade. É um erro comum focar apenas nas taxas de abertura e esquecer de planejar o capital de giro necessário para os primeiros meses de operação. Um bom planejamento deve incluir não só os custos de formalização, mas também o valor para cobrir despesas fixas até que a empresa atinja o ponto de equilíbrio.
4. Erros Comuns ao Abrir uma Empresa e Como Evitá-los
Iniciar um negócio é um passo empolgante, mas muitos empreendedores acabam cometendo erros que podem custar tempo, dinheiro e energia. Conhecer esses equívocos é o primeiro passo para evitá-los e garantir um começo mais sólido para sua empresa.
1. Não ter um plano de negócios
Começar sem um planejamento detalhado é um dos erros mais frequentes. Um plano de negócios é essencial para qualquer empresa, independentemente do tamanho, pois ajuda a prever custos, analisar a concorrência, entender o público-alvo e traçar metas realistas. A ausência de um planejamento adequado está fortemente associada à mortalidade empresarial. Como evitar: Dedique tempo para elaborar um plano de negócios completo. Utilize ferramentas e recursos disponíveis (como os do SEBRAE) e, se necessário, busque apoio profissional para garantir que todos os aspectos sejam considerados.
2. Escolher o tipo errado de empresa
Com mais de 30 tipos empresariais no Brasil (MEI, LTDA, EI, SLU, etc.), cada um com suas regras, limites e obrigações, a escolha inadequada pode gerar limitações futuras, riscos jurídicos ou tributários. Como evitar: Faça uma análise prévia da sua ideia de negócio, projeção de faturamento e modelo de operação. Consulte um contador ou advogado para auxiliar na escolha do tipo jurídico e regime tributário mais adequados.
3. Não registrar a marca
Criar um nome e uma logo sem verificar a disponibilidade e registrar a marca pode levar a problemas sérios no futuro, como a necessidade de mudar o nome da empresa após investimentos em marketing e fidelização de clientes. Como evitar: Antes de divulgar sua marca, consulte a disponibilidade no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) e, se disponível, faça o registro o quanto antes.
4. Negligenciar contratos
Muitos empreendedores confiam em acordos verbais com fornecedores, prestadores de serviços ou parceiros. No entanto, a ausência de contratos formais pode gerar litígios caros e desgastantes em caso de desentendimentos. Como evitar: Tenha contratos bem redigidos para todas as relações comerciais importantes. Evite modelos prontos da internet e busque assessoria jurídica para personalizar os documentos às necessidades do seu negócio.
5. Não definir um acordo de sócios
Em sociedades, a falta de um acordo formal entre os sócios pode transformar amizades em disputas judiciais. É fundamental que cada sócio saiba seu papel, limites, direitos e deveres, e o que acontece em situações como a saída de um membro. Como evitar: Elabore um acordo de sócios desde o início, definindo claramente a participação, divisão de lucros, responsabilidades e regras para entrada ou saída de membros.
6. Ignorar questões trabalhistas
A contratação informal ou o uso incorreto de contratos (como PJ para evitar vínculo empregatício) pode gerar grandes dores de cabeça trabalhistas e indenizações altas. Como evitar: Informe-se sobre as leis trabalhistas e contrate de forma legal e segura. Avalie se o modelo de contratação (CLT ou PJ) se enquadra na necessidade e conte com assessoria para redigir os documentos corretamente.
7. Não separar finanças pessoais das da empresa
Misturar o caixa pessoal com o da empresa é um erro clássico que dificulta a análise de lucro, gera confusão e pode prejudicar a declaração de imposto de renda. Como evitar: Tenha uma conta bancária exclusiva para a empresa e defina um pró-labore mensal para você. Utilize ferramentas de controle financeiro para manter a organização.
8. Escolher o regime tributário errado
Cada regime tributário (Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Real) possui obrigações fiscais diferentes. Uma escolha inadequada pode fazer com que você pague muito mais impostos do que o necessário. Como evitar: Faça uma simulação de faturamento e despesas com o auxílio de um especialista antes de escolher o regime e revise essa escolha anualmente, pois a mudança pode gerar economia.
9. Falta de acompanhamento jurídico e contábil
Abrir uma empresa envolve diversas obrigações legais e fiscais que, se não forem cumpridas, podem gerar multas e até a suspensão do negócio. Como evitar: Conte com um contador de confiança e uma assessoria jurídica que possa te orientar e garantir o cumprimento de todas as obrigações, permitindo que você foque no crescimento do seu negócio.
10. Achar que só precisa de advogado “se der problema”
Essa mentalidade é perigosa. A assessoria jurídica deve atuar na prevenção de problemas, e não apenas na solução. A prevenção é sempre menos desgastante e mais barata do que a resolução de um litígio. Como evitar: Consulte um advogado em momentos estratégicos, como na abertura da empresa, elaboração de contratos, entrada de sócios, contratação de colaboradores e proteção da propriedade intelectual.
Checklist Final para Baixar
Abrir uma empresa é uma jornada que exige dedicação e atenção aos detalhes. Para facilitar ainda mais o seu processo e garantir que você não se esqueça de nenhum passo importante, preparamos um checklist completo e prático. Baixe agora e tenha em mãos um guia essencial para transformar seu sonho em realidade!


Deixe um comentário